quinta-feira, 5 de junho de 2008

+ EMPREGO PARA JUVENTUDE


UM DESAFIO PARA O GOVERNO LULA

Nestes últimos dias, vem sendo anunciada pela mídia uma pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - IPEA, em que o diretor presidente, o economista Marcio Porchmann, relata que, do total de pessoas desempregadas no país, 46,6% têm entre 15 e 24 anos, e o que revela a pesquisa intitulada “Juventude e Políticas Sociais no Brasil".

Esses números apontam uma situação dramática para a juventude. 51 milhões de jovens brasileiros entre 15 e 29 ano estão desempregados; 66% estão fora das salas de aula; apenas 13% estão em curso superior; e somente 48% dos que têm entre 17 e 18 anos, estão estudando no ensino médio.

A pesquisa também aponta as causas para a ausência da escola dessa parcela da sociedade, as principais são que: 46% não têm emprego; metade dos 54% que estão empregados trabalha sem carteira assinada, ou seja, do total de jovens apenas 27% têm vinculo, e, portanto, gozam de direitos trabalhistas e previdenciários. Essa constatação, no entanto, destaca algo que não é novidade: a necessidade de priorizar a educação.

O contraditório dessa situação ocasionada pela apresentação dos dados da pesquisa é que o momento econômico do país é relativamente bom. O Produto Interno Bruto (PIB) cresce na faixa de 4 a 5%. A inflação prevista é bem mais baixa do que os países chamados em desenvolvimento, como a China, a Rússia e a Índia, e o desemprego tem registrado certa diminuição.

O momento político também é muito bom no governo Lula. Pela primeira vez o estado estabelece um dialogo com a juventude, com a construção da Secretaria Nacional de Juventude, ligada a Secretaria-Geral da Presidência da Republica, nos dias 27 e 30 de abril de 2008, no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade, em Brasília, realizou-se a 1ª Conferência Nacional de Juventude. Nesta conferência foram discutidas algumas prioridades escolhidas na plenária final e mais 69 resoluções.

Entre diversos programas sob a coordenação da Secretaria Nacional de Juventude, está um dos maiores programa de inclusão social do governo Lula, que é o Projovem, programa voltado a jovens carentes que associa educação e formação profissional.

Outra iniciativa importante para combater o desemprego juvenil é a nova lei de estágio aprovada na Câmara dos Deputados, relatada pela Deputada Federal Manuela D`Ávila, PC do B/RS. Entre outras ações a Lei objetiva inserir a juventude no mercado de trabalho. Também prevê que a instituição concedente de estágio, deva oferecer seguro contra acidentes pessoais ao estagiário, obrigando, ainda, a concedente deve apresentar relatórios semestrais das atividades desenvolvidas pelos estagiários.

Com essa iniciativa além de órgãos públicos, as empresas privadas poderão contratar estagiários, profissionais liberais de nível superior registrados no respectivo conselho profissional, com jornada de trabalho de 20 horas semanais.

Por um outro lado o movimento social tem lutado para colocar na pauta do governo federal e nos governos estaduais e municipais, o tema “Políticas Publicas para Juventude”, entre vários pontos que contém o tema, têm destaque projetos que visam reduzir a evasão escolar e que aumentam o numero vagas nas universidades.

Diante disso a União Nacional dos Estudantes – UNE, entidade de maior representação estudantil, se posicionando sobre o tema. Atualmente a diretoria foi a público expressar a opinião da entidade "Devem-se criar mais postos de trabalhos voltados para a população jovem é uma das bandeiras que a UNE defende com outras entidades trabalhistas” disse a diretora de comunicação.

Já o movimento sindical, coordenado pela Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil – CTB, em conjunto com outras centrais, vem desenvolvendo a campanha pela redução da jornada de trabalho de 44 horas para 40 horas semanais, sem redução salarial, também se constitui como um importante instrumento de combate ao desemprego juvenil.

Com estas ações, tanto do poder publico quanto da sociedade civil, aliado a um bom desempenho econômico podemos ver uma luz no fim do túnel. Porém, este assunto já se constitui no grande desafio do governo Lula: Impor um ritmo de desenvolvimento econômico no país, garantindo que a geração de novos postos de trabalho seja destinada à juventude.

Ketno Lucas Santiago

Ex. Diretor da União Brasileira de Estudantes Secundarista – UBES

Ex. Diretor da União Nacional dos Estudantes - UNE

sábado, 3 de maio de 2008

Valores Neoliberais e a sociedade do consumo

Em obra recente “13 contos diabólicos e um angelical”, Frei Betto, em um dos contos, narra a ida da alma de Viriato ao Inferno. Ao contrário do que marca nosso imaginário, ele se depara com uma sala com TV. Ele então liga o aparelho e tem acesso a todo um cardápio de programação. Segundo o Frei "A TV olhava-o ad eternum; ele sequer podia cerrar as pálpebras, ou se levantar da poltrona à qual estava grudado". Não nos resta dúvida, de todos os veículos de comunicação, a televisão é o mais poderoso, pois tratasse de um veículo monológico, com grande poder hipnótico. Ocorreu neste episódio um verdadeiro seqüestro da identidade, nos moldes do que acontece no mundo do consumismo, provocando um profundo vazio e solidão.
Os valores difundidos na conjuntura atual, no contexto da globalização neoliberal, são visivelmente marcados pelo processo de desumanização das pessoas e coisificação das relações sociais. "A cultura neoliberal está descosturando a nossa subjetividade; com o liberalismo o mercado é que rege a vida; você é livre para escolher um produto, desde que tenha renda para exercer seu consumismo". O capitalismo em seu formato neoliberal mercantiliza tudo o que toca, as relações sociais tornam-se reféns do mercado: a relação pai e filho, o casamento, as relações de amizade, etc. Os laços de solidariedade se fragilizam, perante a cultura da violência e do individualismo sem medida. O ideário fundamentalista de que não há transformação possível e, tampouco, alternativa à sociedade do mercado, provoca desesperança, e a juventude volta seus interesses para o culto à saúde e para o próprio “crescimento” pessoal. Predomina a preocupação com o autocrescimento psíquico: superar o “medo do prazer” e a depressão, entrar em contato com seus sentimentos, mergulhar na sabedoria do oriente, etc. A lógica é viver o presente com toda paixão possível, sem nenhum senso de responsabilidade pela vida das pessoas ou qualquer sentimento de cuidado. Há a perda do senso histórico e a falta de projeções esperançosas para o futuro.
Isto significa que o importante é viver para si, e não para os que virão a seguir. Perdemos o senso de pertencermos a uma sucessão de gerações que se originaram no passado e que se prolongarão ao futuro. Para nós, que vivemos numa “sociedade” sem futuro, nos restando viver voltados apenas “para o momento”, nada melhor do que fixarmos nossos olhos em nossos próprios desempenhos particulares, e fazermos de tudo para sermos melhores que todo mundo, seja na economia, na política, no trabalho, na estética, no esporte, etc. Tornamo-nos reflexos e reféns de nossa própria decadência e sofrimento, porque centralizamos nossos pensamentos e atitudes unicamente em nós mesmos, e estamos despreocupados em relação aos que nos cercam e cativam. Cantamos hinos à liberdade, enquanto fingimos ser livres! Passamos a considerar que o único bem que possuímos é a própria “sobrevivência individual” (individualismo), pois, como dizem: só se tem uma vida para se viver! A partir deste processo de “isolamento do eu”, como afirma o sociólogo Marcelo Sodré, o indivíduo torna-se extremamente narcisista, não no sentido daquele que ama a própria imagem no espelho, mas que age a partir do seu próprio vazio interior: a solidão. O espantoso desenvolvimento tecnológico e científico criou a sociedade do espetáculo, e boquiabertos e estupefatos contemplamos os dois lados do Fausto. O valor sagrado da presença é esmagado pela idolatria dos presentes, e emerge no palco das desesperanças o que David Riesman chamou de multidão solitária.
O neoliberalismo transformou a produção da cultura em produção de mero entretenimento, que exacerba o nosso sentido, mas não infunde valores. O consumismo atávico e compulsivo de nossos dias, com a transformação do supérfluo em necessidade, que a publicidade impõe a todos nós, nos impõe a idolatria e o endeusamento das coisas. Como o Homem é o único animal que sabe que nasceu e tem consciência de sua finitude, a televisão utiliza o artifício de transformar a morte em violência e o sexo em pornografia. "Está feita a fórmula que vai prender o homem diante da TV". O capitalismo, segundo ele, também tem suas artimanhas. Na Inglaterra, foi criada a cerveja Che Guevara. "Transformaram um mito libertário em um produto de consumo".
Os Shopping Centers são centros comerciais construídos com linhas arquitetônicas pós-modernas, um dos não-lugares das cidades, segundo Marc Auge. "Neles você só entra com roupa de domingo, as lojas são capelas com seus veneráveis objetos de consumo, oferecidos por sacedortisas aos consumidores". Quando vai a um Shopping e é perguntado se quer alguma coisa, Frei Betto costuma responder que está apenas fazendo um "passeio socrático". Segundo ele, Sócrates (470-399 a.C), costumava dizer, na sua época: "Estou apenas observando para ver quanta coisa existe que eu não preciso para ser feliz".
Hoje, o produto que se porta é que imprime o valor à pessoa, e as etiquetas passaram ao lado externo da roupa. "Se eu chegar à casa de alguém de ônibus, eu vou ter um valor; se chegar de Mercedes ou BMW, o valor será outro". Vivemos numa sociedade cercada de um apelo consumista sem medida, indispensável a reprodução da sociedade capitalista, mas ainda havia um nicho que estava fora desse apelo: a infância. Mas a criança é uma consumidora poderosa pelo seu poder de persuasão. Para transformar a criança em consumista a publicidade promoveu a erotização precoce da criança. Atualmente, as crianças são biologicamente infantis e psicologicamente adultas; mas ao chegar o choque da adolescência, perante o fim da fantasia e a caída na realidade, o traficante vende a ilusão de que é possível continuar ‘viajando’ sem ter que encarar o real. Tratasse do que podemos chamar de pseudo-transcendencias, experiências que provocam a fuga da realidade e não nos potencializam para enfrentar e viver os desafios do cotidiano.
No campo cultural, é importante frisar que associar a obra de arte ao autor, como faz a cultura do consumo, é mercantilismo. A obra de arte tem valor em si, independe de quem a criou. Nenhum de nós vê com os mesmos olhos a mesma realidade. Todo ponto de vista é a vista de um ponto; a arte é polissêmica, seu papel é nos fazer olhar. É com a arte que se constrói aquilo que a miséria destrói.
Cultura é tudo aquilo que é criado pelo ser humano e independe de estudo. Ninguém é mais culto que o outro; há culturas distintas que se complementam. Mas a sociedade elitista e racionalista criou o mito de que culta é a pessoa que freqüentou a escola. Eu sou formado em História, minha mãe tem uma excelente cultura culinária; quem pode viver sem a cultura do outro? Portanto, existe todo um trabalho cultural em qualquer atividade humana. É preciso valorizarmos a cultura popular, em nichos que ainda não foram mercantilizados, porque ela traz uma releitura da sociedade em que vivemos. A cultura que emerge das periferias precisa ser percebido como poderoso e importante instrumento de libertação social dos povos!
Michel Sodré
Historiador

segunda-feira, 21 de abril de 2008

“PROCON NAS ÁGUAS”: AS RELAÇÕES DE CONSUMO PREDOMINANTES NAS POPULAÇÕES RIBEIRINHAS DO ARQUIPÉLAGO DO MARAJÓ.

Após uma leitura do relatório de pesquisa apresentado ao Ministério da Justiça como requisito de justificativa do projeto Procon nas Águas, um projeto piloto efetivado nas comunidades ribeirinhas dos municípios de Breves e Melgaço, podemos concluir que este projeto é um importante instrumento para identificar e compreender a realidade dos moradores ribeirinhos, com base nesses dados o estado poderá desenvolver políticas públicas para os moradores dessa região.

O projeto trabalha na efetiva aplicação do Artigo 4° do Código de Proteção e Defesa do Consumidor que trata sobre a política nacional de relações de consumo.

“A Política Nacional de Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, onde a garantia dos produtos e serviços com padrões adequados de qualidade, segurança, durabilidade e desempenho, constitui princípio a ser respeitado”.

De posse dessa observação é que o Ministério de Justiça através do DPDC em pareceria com a Secretaria de Estado de Justiça e Diretos Humanos – SEJUDH por meio da Diretoria de Proteção e Defesa do Consumidor – PROCON/PA objetivou a formulação do Projeto “Procon nas Águas”, com o intento do cumprimento às normas do Código de Defesa do Consumidor para que se cumpra o dever da instituição de promover a racionalização e melhoria dos serviços públicos (Art.4º, VII do CDC); o estudo constante das modificações do mercado de consumo e a melhoria da qualidade de vida das populações ribeirinhas que vivem às margens do processo de cidadania.

Mediante ao presente contexto é que foi planejada e executada a pesquisa de campo, objetivando a coleta de dados, desenvolvida por uma equipe de 07 componentes entre os dias 04 a 15 de dezembro do ano de 2007. Paralela a aplicação da pesquisa promoveu-se um trabalho de divulgação sobre a definição de consumo e direitos do consumidor, com a entrega de cartilhas didáticas.

Foram coletados dados nos municípios de Breves e Melgaço, direcionado a cada família residente as margens dos rios.

Em Breves foram visitadas as Vilas de Corcorvado e Margebraz, já em Melgaço, a coleta de dados foi em uma localidade denominada Vila Paricatuba.

Este primeiro contato serviu para a observação de fatores preponderantes à análise dos objetivos da pesquisa. Verificou-se que as populações da área visitada, vivem do extrativismo do açaí e em especial do cultivo e comercialização da mandioca, entretanto há que se enfatizar que a preponderância da agricultura agro-extrativa se dá mais ao nível de subsistência, até mesmo em função da inexistência de uma organização na produção.

As comunidades praticam a pesca de subsistência. É inegável o potencial madeireiro do município de Breves, entretanto percebe-se que o ribeirinho marajoara atua apenas como participante do processo, enquanto mão-de-obra esporádica, uma vez que é contratado para trabalhar durante uma determinada temporada, ou enquanto “diarista”, sobretudo trabalhando todos os dias, mas sem os devidos direitos trabalhistas.

Na medida em que a economia capitalista se expande no local, através das empresas madeireiras, dentre outras, a sociedade auto-transforma mudam as exigências e os padrões de consumo, daí a necessidade da efetiva divulgação (respeitando a cultura local) do Código de Defesa do Consumidor, para esclarecer a população local de seus direitos enquanto cidadão e consumidor.

Sendo assim, é de suma importância que os atores envolvidos nas esferas Estadual, Municipal e Federal, somem esforços para que as instituições competentes trabalhem no sentido da promoção de um desenvolvimento que promova a sustentabilidade da região, direcionando assim políticas públicas que possam promover trabalhos voltados à geração de renda - baseado na vocação da região - e uma educação de qualidade, que possa esclarecê-los do exercício de sua cidadania plena.

Texto produzido a partir do Relatório de Pesquisa apresentado ao Ministério da Justiça.

Ketno Lucas Santiago

Graduando em História pela Universidade do Vale do Acaraú

Chefe da Divisão de Educação e Projetos do PROCON/PA.

domingo, 20 de abril de 2008

Juventude e o papel das CEBs

O documento produzido na década de 60 no Concílio Vaticano II intitulado Gaudium et Spes, que tratava da constituição pastoral e enfatizava o papel social dos cristãos, ensejou a formação da Teologia da Libertação e das CEBs (Comunidades Eclesiais de Base), movimento progressista ainda ativo na Igreja Católica no final do século XX, e que durante a década de 70 e 80 exerceram uma grande atuação no campo sócio-político, acabando por se destacar como movimento importante no processo de libertação dos povos latino-americanos.
As Comunidades Eclesiais de Base tiveram grande importância como uma das mais ricas experiências realizadas na Igreja da América Latina nas últimas décadas, lançando profundas raízes de renovação em toda vida eclesial, transformando radicalmente o papel da igreja em vários países da região. As CEBs, em sua maioria impregnadas de Teologia da Libertação, contam com uma força da massas em vários países latino-americanos: Brasil, El Salvador, Peru e, em menor escala, Nicarágua, Colômbia, Chile e México.
Tendo como referência a mensagem libertadora do evangelho e o resgate de verdadeiros ícones da luta popular, como Ernesto Guevara, Frei Titto, dentre outros, a juventude constituiu o principal sujeito na construção, mobilização e organização dessas comunidades. Estas são formadas por pequenos grupos religiosos e locais, normalmente criados por representantes pastorais – bispos, sacerdotes, freiras e leigos formados e comissionados pela igreja, onde praticam a oração e a leitura da Bíblia, exercendo ainda um papel de organização e mobilização popular, motivando o debate e a reflexão sobre a realidade e a luta pela construção de uma sociedade justa e fraterna.
No meio urbano, é o bairro a unidade básica dessas comunidades; no campo, a própria região ou um sitio qualquer. Dentre os motivos que levaram ao seu surgimento e a sua proliferação, um de caráter prático era a escassez de sacerdotes que a Igreja sofria na América Latina. Mas resultaram também de processos mais profundos na sociedade e na Igreja latino-americana. Sem dúvida, significava uma resposta ao Concilio Vaticano II (1962-65) e ao CELAM (Conferencia do Episcopado Latino-Americano) realizado em Medellim, na Colômbia, em 1968. A Igreja Latino-Americana começava a romper com a tradicional distância que a separava dos pobres, e abandonar a postura secular de defesa do Status quo enquanto aparelho ideológico do Estado e das classes dominantes.
Foi exatamente a “opção preferencial pelos pobres” e o compromisso social da Igreja que estimularam a criação das CEBs e deram à luz a chamada “Teologia da Libertação”. Segundo Galilea, podemos distinguir três tendências na Teologia da Libertação. Estas tendências não são sempre excludentes, já que tem complementaridade e convergem na temática teológica.
Uma primeira tendência parece insistir menos que as demais no método de seu discurso teológico, na práxis libertadora dos cristãos e da Igreja. Sem negar que isto seja um lugar teológico, parte, em seu método, da noção bíblica de libertação, com rico conteúdo histórico, sociológico e “profético”, para ligar-se, a partir daí, com a realidade latino-americana e chegar-se a uma práxis.
As outras duas tendências têm um método mais interdisciplinar. A segunda dá mais importância à alma cultural do povo latino-americano, ao seu processo histórico (desde a conquista) de opressão-libertação, à religiosidade popular como fator importante de libertação. Trabalha sobre a interpretação da idéia de “povo”, aqui no sentido de classe oprimida. Possui uma grande preocupação com as virtualidades libertadoras do povo oprimido.
A terceira tendência, por sua vez, insiste mais no fator econômico, nas lutas de classes, nas ideologias, confrontadas criticamente com a fé. Ocorrem nesta tendência coincidências com alguns elementos da analise marxista, já aceitos pela sociologia e pela economia contemporâneas como contribuições válidas (elementos de crítica ao capitalismo dependente, as tenções de classes como inerente a este sistema, e forte influencia dos fatores econômicos nas demais estruturas da sociedade...).
A presença da juventude nas CEBs, sem dúvida, conferem uma dinamicidade importante em todos os campos. A juventude está presente nos grupos de capoeira, Hip-Hop, teatro, dança, música, nos cursos de formação política, alfabetização de adultos, crisma e catequese. A rebeldia, essa capacidade inerente no ser humano de ver o real transfigurado, de projetar, criar alternativas, não se sujeitar diante do ideário adestrador propagado pelos sepultadores de sonhos de que fora do “mercado” não há salvação, esta capacidade de transcender leva a juventude a ocupar terras, praças, avenidas, dando sentido e vida ao que canta o hino “Verás que um filho teu não foge à luta”.
Neste sentido, as CEBs se configuram como instrumento de luta do povo por sua libertação. Estas, em que pese a ofensiva conservadora do Vaticano e toda crise que afetou o campo progressista na década de 90, continuam vivas e atuantes na luta pela efetivação dos direitos humanos, no combate a pobreza que assola a maioria dos brasileiros, sem perder de vista a perspectiva do sonho socialista por uma terra sem amos, por uma Igreja menos hierárquica, por uma Igreja dos pobres!

Michel Sodré

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Juventude negra nas comunidades remanescente de quilombo: identidade e resgate de sua cultura٭

Juventude negra nas comunidades remanescente de quilombo: identidade e resgate de sua cultura٭

Maílson Lima٭٭

O Brasil foi o último país a abolir a escravidão em maio de 2008 completam-se 120 da abolição, há o que comemorar? Não, pelo fato é que nós negros continuamos a margem da sociedade sofrendo racismo e discriminação. Devemos fazer uma reflexão sobre estes fatos que ocorreram e ocorrem no Brasil, um dos pontos de partida é conhecermos a história de nossos ancestrais, é conhecer a história da África, a cultura afro-brasileira para que nossa juventude tenha seus valores e direitos garantidos, sobretudo respeitados.

A África é um continente com uma área de 30,33 milhões de km2, 19% das terras emersas do planeta, divide-se em 54 países e mais de 800 milhões de habitantes é o terceiro maior planeta da terra e o segundo mais populoso, o continente africano é bastante rico em recursos minerais, cortado pela linha do Equador, a África possui relativamente poucos rios cabendo a maior importância ao Nilo, este é o segundo mais extenso do mundo. A África possui pouca população e distribuição irregular apesar de ser o terceiro continente em extensão; grande parte do continente é ocupada por área desfavorável à ocupação humana, alguns pesquisadores afirmam que a África recebeu pouca corrente migratória. Sua população predominante negra, diversos grupos brancos e povos negros, três religiões principais o islamismo que se manifesta mais na África branca; o cristianismo religião levada por missionários e professada por pontos esparsos da África; o animismo (pagã) professado por toda a África negra, a religiosidade africana reconhece a existência do Deus da criação mais não o define, e quando os europeus entraram em contato com os habitantes da África tiraram a conclusão que eles eram pagãos e politeístas.

A atual divisão da África reflete os interesses dos colonizadores, ao conseguirem suas independências os países africanos tiveram que se moldarem as fronteiras legadas pelos colonizadores. Estas separaram grupos humanos de maneira artificial que pertenciam a mesmas tribos falantes dos mesmos dialetos e praticantes dos mesmos dialetos e dos mesmos costumes, a segregação racial assumiu formas rígidas e violentas exemplo das Leis do Apartheid que configurou uma segregação racial institucionalizada.

Compreender a África e sua história requer buscar entender suas especificidades, para não preterirmos uma visão ocidental preconceituosa deste continente. Assim busca-se nos historiadores que nos mostram como rapidamente o negro vai sendo penalizado pelo peso dos modelos europeus, mas, sobretudo, católicos, que tinham sobre a África.

Sua escravização é percebida como um presente capaz de introduzi-los a uma cultura superior e à salvação de suas almas. Do ponto de vista europeu, seu modo de viver é bestial, selvagem. Seus códigos quanto ao vestir, comer, morar os coloca no limiar da animalidade. São idolátras. Falta-lhes racionalidade. Sua vida nômade é sinônima de desorganização social. Suas qualidades de coragem e força física não são percebidas, são chamados de “gente pobre, rude e selvagem”. Dizia-se que eram antropófagos”. (DEL PRIORE E VENÂNCIO, 2004, p. 69).

O Brasil atual é resultante do encontro de culturas principalmente dos africanos “deportados” e que aqui se encontraram nas condições históricas conhecidas, ou seja, trouxeram sua contribuição na formação deste povo e da história do Brasil, na construção da identidade e da cultura brasileira.

É por isso que conhecer o Brasil equivale a conhecer a história e a cultura da África. Porém a nossa historiografia oficial, maioria dos livros e materiais didáticos que "conhecemos", as contribuições dos africanos e seus descendentes brasileiros são geralmente ausentes dos livros didáticos e quando são presentes são apresentadas de um ponto de vista estereotipado e preconceituoso. Conseqüentemente, os brasileiros de ascendência africana, ficam privados da memória de seus ancestrais no sistema do ensino público oficial, acarretando uma baixa auto-estima e a construção de uma identidade negativa.

Geralmente, nas realidades sócio-culturais os agrupamentos tais como as favelas os quilombos urbanos e rurais aparecem como configurações territoriais depreciativas desmembradas de um passado e de um presente histórico comum ao descendente africano.

O enfoque da história do negro e da África e de suas dinâmicas culturais, configurações territoriais, e espaços sociais podem ser apresentados através da imagem colaborando desta forma na rememoração da história da população negra, na re-construção da identidade afro-descendente bem como na apreensão do conhecimento.

Onde há escravidão, há revolta. Essa máxima é válida a todas as situações, sendo fácil entende-la: ser retirado da sociedade em que se vive e transformado em mercadoria, marcado a ferro e fogo, e explorado até a morte é uma experiência dificilmente aceita de maneira passiva. No entanto, o dia-a-dia da resistência cativa variou no interior de cada sociedade.

As discussões sobre as populações remanescentes de quilombo em nosso país atravessam séculos. Eles vieram de várias partes da África trouxeram suas culturas que sobreviveram, resistiram ou se fundiram, mas serviram como elemento de resistência contra sua opressão.

Os negros no período da escravidão que conseguiam fugir se refugiavam com outros em situação semelhante em locais bastantes escondidos nos meios das matas. Estes locais eram conhecidos como Quilombos - lugar de refúgio, lá eles constituíam comunidades e viviam de acordo com suas culturas plantando e produzindo em comunidade. Os quilombos representavam uma das formas de resistência e combate a escravidão, os negros buscavam a liberdade resgatando a cultura e a forma de viver que deixaram na áfrica, contribuindo para a formação da cultura afro-brasileira.

O processo tradicional da busca de liberdade consistiu invariavelmente na fuga para os matos, onde os se reuniam entre si, e formavam os quilombos. A fuga deve ter sido, no começo, solução bastante arriscada, além de empreitada individual. Na floresta o negro se achava sozinho. Às vezes, conseguia chegar a alguma aldeia indígena e, por sorte, acabava vivendo amistosamente com os silvícolas. Bandeava-se desta forma para grupos totalmente estranhos e que, com ele, só tinham um traço comum: o ódio ao branco dominador. (SALLES, 2005, p.).

Muitas são as comunidades remanescentes de quilombo no Brasil e uma parte desta encontra-se localizada no Estado do Pará, onde há presença marcante da juventude.

O Brasil conta hoje com o maior contingente de jovens entre 15 a 24 anos da sua história, são mais de 34 milhões, segundo o IBGE. O que seria uma ótima notícia transformou-se numa das mais sérias dificuldades que o país enfrenta. A sociedade não se preparou para receber este enorme contingente de pessoas, nem lhe ofereceu as condições mínimas para o exercício pleno da cidadania, talvez seja importante fazermos um resgate da importância da temática juventude, pois esta deve ser tratada como um sujeito pleno de seus direitos e não pela visão que ela “cria” para a sociedade. Aliás, todos os problemas que são atribuídos à juventude como relação às drogas, tráfico, violência, gravidez na adolescência, baixa qualificação no mercado de trabalho entre outros, nada mais são do que a negação dos direitos sociais básicos.

O desafio de lutar contra o racismo no Brasil está justamente em compreender suas formas de existência. E buscar superar certas dicotomias como as relações elite/ povo e branco /negro.

As comunidades remanescentes de quilombo buscam o auto-reconhecimento identitário e a afirmação sócio-cultural, questões que vão se somar aos problemas econômicos resultantes do isolamento geográfico e da formação histórica do país.

Assim percebemos que em um mundo globalizado, a diversidade cultural local cede lugar para a massificação e a juventude é seguimento bastante vulnerável a esta massificação, a cultura tem papel importante tanto no desenvolvimento econômico quanto humano. A perspectiva da juventude remanescentes de quilombo conhecer sua ancestralidade e assumirem o papel de agentes culturais de seus valores conhecendo-os é tarefa da atualidade.

Para tanto, busca-se uma reflexão a partir de autores como Damascena e Adriane (2005) que afirmam:

“a discussão no campo da cultura possibilita novas perspectivas de compreensão, tanto do ponto de vista da identidade, podendo assim descortinar importantes elementos de uma pratica educativa nos espaços de troca...” (Damascena, Adriane, 2005).

Compreender como se dar a convivência cotidiana dos jovens nas comunidades coletando sua realidade, pois a constatação da ausência de informações referentes às ações públicas ligadas ao trabalho, lazer, cultura e educação sinalizam esforços de busca de resgate de sua identidade. O mundo da cultura aparece como um espaço privilegiado das práticas, representações, símbolos e rituais no quais os jovens buscam demarcar uma identidade juvenil. Alguns contextos nos indicam que as dimensões do consumo e da produção cultural têm se apresentado como campo social aglutinador dos sentidos existenciais da juventude, proporcionando também a formação de novas identidades coletivas e que estão também influenciando a juventude nas comunidades remanescentes de Quilombo.

É preciso, contudo, que se tenha atenção para o fato de que as práticas coletivas juvenis não são homogêneas.

As configurações sociais em torno da identidade cultural se constituem abstratamente, mas se orientam conforme os objetivos que as coletividades juvenis são capazes de processar num contexto de múltiplas influencias externas e interesses produzidos no interior de cada agrupamento especifico. Em torno do mesmo estilo cultural podem ocorrer práticas de delinqüência, intolerância e agressividade, assim como outras orientações para e fruição saudável do tempo livre ou ainda para a mobilização cidadã em torno da realização de ações solidárias.

A inserção no mundo da cultura traz não só uma nova capacidade organizativa aos jovens, mas também interfere na construção da sua identidade, fortalecimento da auto-estima, aproximação dos elementos da cultura alicerçados numa matriz cultural africana, exercício da criatividade, segurança, possibilidade de se tornarem criadores ativos, contra todos os limites de um contexto social que lhes nega as condições dignas de sobrevivência são alguns exemplos da força da cultura na vida dessas pessoas. Os jovens se articulam em torno de agrupamentos, idéias, redes que agregam práticas culturais semelhantes. A existência dessas configura a formação de alianças de laços de solidariedade, de espaços de lazer e sociabilidade trocas de experiências entre jovens, mas é importante lembrar que os jovens participam também de outras redes estabelecidas com outros sujeitos, grupos e instituições sociais nas quais desenvolvem praticas culturais diversas: a família, os grupos religiosos, as comunidades, os colegas são alguns delas.

A complexidade dessas reflexões revela que para melhor compreende-las, é preciso se aprofundar nas questões da construção da identidade da juventude remanescente de quilombo buscando o entendimento sobre os significados das referencias culturais de matriz africana na trajetória de vida dos jovens negros nas comunidades. Captar e compreender o papel deste resgate de sua cultura na atualidade é importante para se fazer frente às diversas formas de fenômenos que estão envolvendo a juventude nas comunidades remanescentes de quilombo a exemplo de furtos, violência e a delinqüência juvenil, fenômenos presentes na juventude urbana que aumentam cotidianamente a revelia do poder publico que tem tornado-se incapaz de dar respostas significativas para superar este dilema, o qual está chegando nas comunidades remanescentes de Quilombo destruindo o presente dessas juventudes, apagando seu passado e impossibilitando a construção de um futuro com dignidade.

Observarmos que em algumas comunidades há constatação de pouca valorização do universo cultural do negro, como também existe necessidade de se “desclandestinizar” sua forma de viver, suas culturas para que não se sintam inferiorizados frente à massificação de outras expressões culturais. Com isso é preciso compreender como as práticas culturais interferem no processo de construção da identidade negra como um componente da formação humana, fazendo parte da sua construção histórica, social e cultural.

A identidade negra deve ser entendida aqui como um processo constituído historicamente em uma sociedade que padece de um racismo ambíguo e do mito da democracia racial. Como qualquer processo identitário, ela se constrói no contato com o outro, no contraste com o outro, na negociação, na troca, nos conflitos e no diálogo. Muitos autores teorizam que a identidade para se constituir como realidade, pressupõe uma interação. A idéia que uma pessoa faz de si mesmo de seu “eu”, é intermediada pelo reconhecimento obtido dos outros em decorrência de seu contato. Nenhuma identidade é constituída no isolamento, se constituem de relações diversas.

“É preciso problematizar a questão da transmissão e da construção do saber, levando em consideração que os homens produzem esses processos ao longo da historia, nas dimensões sociais e culturais, e os elabora e constitui no cotidiano através da experiência.” (DAMASCENA E ADRIANE, 2005)

Ao refletirmos sobre identidade da juventude negra das comunidades remanescentes de quilombo, poderemos em principio dizer que o racismo aqui desenvolvido exerce influencia preponderante no sentido de os negros se sentirem “encurralados” em seu ambiente social de convivência. Ao mesmo tempo em que fragmenta a sua identidade, este racismo também o impulsiona em direção à busca de referencias identitárias africanas e assim afirmarem-se como cidadãos que possuem vivencias cotidianamente menosprezada pelo racismo presente na sociedade. Estas referências foram re-significadas em nossa sociedade, em meio à miscigenação racial e cultural, num processo não menos tenso, de busca da continuidade e recriação.

Compreender a complexidade presente na construção da identidade da juventude negra deverá ser tarefa importante para se subsidiar os estudos de forma coerente sobre a questão racial nas comunidades. Porém sabemos que falta-nos desenvolver estudos e pesquisas que articulem essa construção da identidade negra na juventude remanescente de quilombo com o intuito de fazer um regate de sua cultura e conhecer de fato a realidade das juventudes remanescentes de quilombo. Como se dar essa construção dessa identidade? Um olhar sobre os jovens e sua cultura, conhecendo a história da África poderá nos ajudar a responder está inquietação.

Postado por Ana Paula Di Sá , Belém, 18/04/2008.



٭ Este texto faz parte de meus estudos no curso de Especialização em História e Cultura Afro-brasileira e Africana.

٭٭ Graduado pela Universidade Estadual do Pará, Especialista em História e Cultura Afro-brasileira e Africana pela Universidade Federal do Pará, vice-presidente da União Nacional dos Estudantes em 2001 a 2003, ex-presidente estadual da UJS; atualmente é Assessor da Coordenadoria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos, militante da UNEGRO e Secretário de juventude Estadual do PCdoB Pará.

CEMJA - CONVIDA PLENÁRIA DA UNEGRO

A União de Negros pela Igualdade - UNEGRO convida a todos que defendem a igualdade racial, para participar de sua Plenária Estadual cujo tema: “Políticas Públicas de Combate ao Racismo no Pará - UNEGRO a construção de uma nova Direção”, a ser realizada no dia 19/04 - sábado das 08h às 13h no Teatro Estação Gasômetro localizado na Avenida Magalhães Barata, 830 - São Brás.

Quando uma mulher, de certa tribo da África, sabe que está grávida, segue para a selva com outras mulheres e juntas rezam e meditam até que aparece a canção da criança.
Quando nasce a criança, a comunidade se junta e lhe cantam a sua canção.
Logo, quando a criança começa sua educação, o povo se junta e lhe cantam sua canção.
Quando se torna adulto, a gente se junta novamente e canta.
Quando chega o momento do seu casamento a pessoa escuta a sua canção.
Música Canção dos Povos

Na história de diversas populações, a música representa um significado e um sentido de força, relação social, sobretudo ao analisarmos o quanto à música tem sentido e significado de fortalecimento para os povos africanos, deste modo caracterizando o processo histórico que é marcado pela nossa ancestralidade.
É relevante re-contarmos a história da nossa ancestralidade para o fortalecimento do processo histórico que está marcado pela africanidade, portanto somente através da nossa história é possível reconstruir as origens, as etnias e a memória dos nossos povos.

Pensar em africanidade nos remete ao sentido de reconhecimento do lugar histórico, sociopolítico e lúdico-cultural que nos situamos. A africanidade reconstruída no Brasil está calcada nos valores das tradições coletivas do amplo continente africano, presente e recriada no cotidiano dos grupos negros brasileiros.
Ensino afro-brasileiro (2007)

Neste contexto histórico está pressente a educação, não somente na escola, mas também é papel da escola, abordar epistemologicamente os diversos aspectos da teoria, assim a escola possibilita um pensar diferente e a construção de uma visão em que os estudantes e os atores sociais que perpassem o espaço escolar, possam construir sentidos e valores para a transformação deste espaço como espaço de reconstrução de que é possível: acreditar, valorizar e desejar outras formas de organização do espaço social na busca de uma sociedade para a igualdade.


Ana Paula Di Sá

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Plenária do PcdoB - 16/04/2008


O próprio homem é um produto da natureza, o qual se desenvolveu no seu ambiente e com ele. (Karl Marx)

O Partido Comunista neste sábado protagonizou mais um encontro entre os camaradas. A plenária do partido teve como objetivo maior apresentar seus pré-candidatos às eleições de 2008, este evento ocorreu no auditório da UEPA – campus do Marco às 15h do dia 12/04/2008 - sábado.

A presidente Municipal do Partido Leila Márcia também pré-candidata presidiu a mesa de abertura, agradeceu a todos os presentes, informou alguns fatos marcantes na trajetória do Partido. Depois chamou para compor a mesa personalidades históricas como Eron Bezerra – Membro da Comissão Nacional ocupa cargo de Secretário no Estado do Amazonas. Diva uma mulher de luta e garra que vivenciou a plena ditadura militar. Newton Miranda Presidente Estadual do Partido - candidato a prefeitura de Belém. Será homenageado e receberá o prêmio pelo Presidente Luís Inácio Lula por ter ousado e protagonizado a concessão de títulos aos ribeirinhos.

Os discursos dos camaradas lembraram o momento propício em que o partido vivencia no campo político de alianças com o Governo de Lula e de Ana Júlia. Relembraram os 36 anos de Guerrilha do Araguaia, fato histórico de luta e perseverança dos comunistas que naquele período foram torturados mortos e expulsos de suas vidas e de suas famílias.

Como toda história é datada, marcada por lutas, batalhas e vitórias, neste contexto contemporâneo os comunistas têm muito a recordar e comemorar.

Para tanto, comemorar e parabenizar os camaradas que ousam em prol de uma política onde o socialismo e a luta de classe protagonizam por uma sociedade igualitária e contínua pelo trabalho, por melhores condições de vida principalmente a classe menos favorecidos, ousar por uma educação pública, laica e, sobretudo de qualidade.

Assim, o partido na luta contínua com bela representatividade e força política, deste modo referendar alguns camaradas da nossa região: Socorro Gomes que encontra-se na Venezuela homenageada como Representante dos Países Socialista, primeira representante dos Direitos Humanos.

Jorge Panzera convidado para Secretário Adjunto do Chefe de Gabinete na pessoa de Carlos Poty – Chefe de Gabinete da Governadora Ana Júlia.

Diante do cenário atual ousar é ir para além de elegermos uma cadeira na Câmara Municipal de Belém, devemos sim ousar, principalmente pelo grande quadro político do PCdoB, composto por nomes com grande referência.

Assim elencamos os nomes de alguns camaradas que irão protagonizar as eleições de 2008.

Michel “o novo mundo é possível”

Antonio Carlos Junior – “Dedica sua fala a todos pré-candidatos e a família Grabois”.

Jorge Farias – “o Estado perdeu o controle, sua referência em relação a violência.

Crítica a Cia. Vale do Rio Doce, enclave da Amazônia e dos Governos Tucanos que usaram o capital do Estado.

Marcão Fontelles – “ Lança lista de baixo-assinado para a redução da jornada de trabalho sem a redução no salário. Pretende conquistar uma média de 23 a 24 mil assinaturas.

Rodrigo Moraes – “QUEM VEM COM TUDO NÃO CANSA

Faz deferência aos trinta e seis anos (36) da mais bela luta dos comunistas que foi a Guerrilha do Araguaia.

Diz que uma tática eleitoral é o momento para o partido se colocar como protagonista da sociedade.

Contar a historia do Brasil não devemos esquecer do PCdoB, dos camaradas torturados, mortos pela ditadura militar, e conclui, mesmo assim nunca os ditadores conseguiram calar a nossa VOZ.

Falo de Eneida:

Uma mulher de luta histórica, com história de vida, de luta, de guerrilha que ousa a lutar, a inovar a desafiar o novo, e acredita que o novo entrelaçado ao velho tudo é possível, sobretudo uma mulher que luta pelos direitos de outras mulheres.

Jorge Panzera parabeniza a plenária. E nós parabenizamos Jorge Panzera por ser ousado e protagonista no campo da política e da história do partido.

Parabenizamos a todos os que participaram da Plenária Comunista, e ousar a história do Partido é acreditarmos em uma política para o desenvolvimento do nosso Estado e de nossa sociedade paraense-amazônida.

Ana Paula Di Sá

segunda-feira, 31 de março de 2008

I Conferência Estadual de Juventude - Diálogo entre Jovens e Direitos

O opressor sempre impõe a sua linguagem.

O regional foge a essa imposição.

Todas as minhas letras são políticas (...).

Flagram uma realidade local e, necessariamente, não servem a qualquer regime. (Ruy Barata).

O propósito desta conferência é referendar o protagonismo da juventude, sobretudo apontar alguns questionamentos e inquietações acerca principalmente da educação, não só, mas também, como transporte, a cultura entre outros temas de extrema importância para a vida desses jovens estudantes.

Os jovens estudantes em diversos Estados brasileiros reúnem-se entre os dias 28 e 30 para reivindicar uma Política Pública voltada para a construção dos interesses da Juventude.

Os jovens reunidos nos dias 29 e 30 no Hangar na cidade de Belém totalizaram uma base expressiva neste fim de semana, acredito que passaram por ali aproximadamente 750 jovens das mais diversas regionais do Pará. Os interesses desta juventude eram bastante diversificados, sobretudo em alguns pontos de uma relevância maior, principalmente como temática de discussão a Educação paraense e nesta a brasileira.

O PCdoB do Pará tendo a frente dois representantes importantes em sua base como Marcela Rodrigues – UNE e Rodrigo Moraes –UJS, são jovens que em seus discursos a prioridade está voltado para uma política pública entre a interação e o diálogo da juventude seja pautado como relevância maior O DIREITO A EDUCAÇÃO COMO PRIORIDADE E NESTA O TRABALHO E NÃO O INVERSO. Marcela Rodrigues da UNE ao dialogar com os jovens na manhã de domingo (30/03), prioriza e reforça que todas as temáticas levantadas são pertinentes, mas enfatiza a Educação, e principalmente a permanência dos jovens na escola para isso é necessário o acesso a transporte e alimentação, onde em sua fala diz: “o transporte é a principal causa de a juventude evadir a escola, pois este sobrecarrega muito a vida dos estudantes jovens”.

É importante ressaltar a participação dos jovens das mais diferentes regiões do Estado do Pará, está juventude que sem sombra de dúvida enfrentou horas de estradas, portanto a participação juvenil foi de uma fundamental importância para o fortalecimento dos jovens em buscar os seus direitos e poder pautar outros interesses.

Pensar em política pública cujo aspecto é o social a justiça e o direito dos jovens, o CEMJA referenda a importância do Governo Ana Júlia como também do Governo de Lula como uma relevância social política e histórica para todos os jovens paraenses.

A Secretária da SEJUDH Socorro Gomes esteve presente apoiando em diversos momentos a juventude. O apóio do Partido na pessoa de Leila Márcia foi extremamente importante, sobretudo de Ketno Lucas que esteve presente em todos os momentos e espaços junto à juventude, para que o processo de conferência ocorresse com bastante tranqüilidade na sua base.

Para tanto, todos os jovens Comunista estão de parabéns é um momento de vitória de luta e conquista, assim, os jovens só tem a comemorar todo o processo de conferência, e, parabenizo a todos os delegados eleitos que totalizaram 12 Delegados, número bastante expressivo.

“O tempo tem tempo de tempo ser, o tempo tem tempo de tempo dar, ao tempo da noite que vai, correr, o tempo do dia que vai chegar." (Ruy Barata)

Texto escrito por Ana Paula Di Sá

sábado, 29 de março de 2008

CEMJA na I Conferencia Estadual de Juventude

I Conferência Estadual de Juventude
Belém, 28 a 30 de março de 2008

“Juventude Presente!!!”

Desde o advento da República Brasileira passando pelas manifestações contra a guerra Nazi-fascista, na campanha pelo “petróleo é nosso”, ressurgindo com força contra a ditadura militar nas ruas dos centros urbanos e na matas do Araguaia, ou na redemocratização do País e no inesquecível “Fora Collor” até agora, a juventude tem demonstrado ser um segmento importante e uma reserva de iniciativas ousadas e conscientes para as mudanças com justiça social e desenvolvimento, que o Brasil e o Pará precisam.

“Os meninos e povo no Poder” (MILTON E BRAND)

Vivemos um momento importante na nossa história, em que as forças populares ascenderam ao comando do País e do Estado, tendo a responsabilidade em solucionar as heranças malditas deixadas pelos governos anteriores. A iniciativa das Conferências de Juventude deve se aproveitada ao máximo para que possa traçar caminhos no sentido de responder ao crescente número de jovens nas penitenciarias, nas ruas, sem escola, sobre violências sexo e moral. A singular e diferenciada ação apresentada e incentivadas pelo governo Ana Julia e de Socorro Gomes na frente da SEJUDH para que a juventude possa participar dos debates e das formulações das políticas públicas em curso, não deve se esgotar em meio tropeço e individualidade.
Não devemos permitir que seja desperdiçado o momento da conferência em debates de regimento, ou confrontos pessoais em meio a vaidades, personalismos e projeto político menor. Em sentido contratário, a juventude deve protagonizar as ações em defesa da pluralidade e da participação e reivindicação dos diversos setores que compõem os jovens da cidade e do campo, e dos múltiplos grupos representativos de etnias, sexo, religiosos e demais. O CEMJA participar da construção do processo de Conferência de Juventude através de seus diretores que lutam pelo êxito e aberturas aos diversos setores que compõem a juventude paraense.