O CEMJA é uma entidade voltada para a organização e promoção da Juventude da Amazônia , através da preservação da Memória e registro da participação da Juventude .Desenvolve projetos e ações que organizem os jovens da Amazônia através da arte ,do esporte , da cultura e do lazer .
Nos dia 12 e 13 de junho na Universidade do Estado do Pará – UEPA /CCBS, na Almirante Barroso, realizar-se-á o 11º Congresso Estadual da UJS do Estado do Pará.
Este Congresso será o maior congresso já realizado pela organização no estado, foram mais de 1.500 jovens mobilizados, em torno de 30 congressos municipais, a expectativa é que 200 jovens de todo estado participe do evento.
Além de debate político também vai rolar, atividades culturais e esportivas vai ser Show de bola.
O Conselho Nacional de Educação preparou um documento para subsidiar as discussões sobre o novo Plano Nacional de Educação (PNE). As diretrizes do PNE, que precisam ser aprovadas pelo Congresso Nacional até o fim de 2010, serão traçadas na Conferência Nacional de Educação (Conae), que começou ontem, em Brasília. O CNE listou os “dez maiores desafios da Educação Nacional” que devem ser superados até 2020. Na linha justa:
1.Extinguir o analfabetismo, inclusive o analfabetismo funcional, do cenário nacional 2.Universalizar o atendimento público, gratuito, obrigatório e de qualidade à pré-escola, ensino fundamental de nove anos e ensino médio, além de ampliar significativamente o atendimento em creches 3.Democratizar e expandir a oferta de educação superior, sobretudo da educação pública sem descurar dos parâmetros de qualidade acadêmica 4.Expandir a educação profissional de modo a atender as demandas produtivas e sociais locais, regionais, nacionais, em consonância com o desenvolvimento sustentável e com a inclusão social 5.Garantir oportunidades, respeito e atenção educacional às demandas específicas de: estudantes com deficiência, jovens e adultos defasados na relação idade-série, indígenas, afrodescendentes, quilombolas e povos do campo 6.Implantar a escola de tempo integral na educação básica, com projeto político-pedagógico que melhore a prática educativa, com reflexos na qualidade da aprendizagem e da convivência social 7.Implantar o Sistema Nacional de Educação, integrando, por meio da gestão democrática, os planos de educação dos diversos entes federados e das instituições de ensino, em regime de colaboração 8.Ampliar o investimento em educação pública em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) de forma a atingir 10% do PIB até 2014 9.Estabelecer padrões de qualidade para cada etapa e modalidade da educação, com definição dos insumos necessários à qualidade do ensino, delineando o custo-aluno-qualidade como parâmetro para seu financiamento 10.Valorizar os profissionais da educação, garantindo formação inicial e continuada, além de salário e carreira compatíveis com sua importância social e com os dos profissionais de outras carreiras equivalentes
Cemja prepara seminário para debater organização do terceiro setor no Pará , o evento que ocorrerá nos dias 14,15,16 de Abril no Instituto de Artes do Pará ,contará com a mesas de debates sobre leis de incentivo a cultura e ao esporte ,formatação e produção de projetos ,qualificação e titúlos de entidades envolvendo organizações e movimentos que atuam nesta aréa em Belém e interior, a iniciativa conta com a parceria da Secretária Estadual de Esporte e Lazer ,Fundação Curro Velho , Secult , Instituto de Artes do Pará ,Abong .As inscrições são gratuitas e podem ser solicitadas pelo email: luta@oi.com.br estão disponiveis 100 vagas para entidades .
O conselho de juventude do Estado do Pará encerra suas atividades e se prepara para realizar as eleições das cadeiras dos conselheiros da sociedade civil, nesse período que estivemos conduzindo o COJUEPA em conjunto com os demais Conselheiros pudemos ter vários aprendizados e experiências. Construir a gestão do conselho foi um desafio e muito mais conhecer e entender a juventude paraense através de suas referências biológicas, psicológicas, econômicas, sociais e culturais. Podemos dizer que as ppj´s em nosso pais são novas e elas possuem algumas passagens históricas como a obrigatoriedade da disciplina moral e cívica na era Vargas,as mobilizações em defesa da democracia e da infância e adolescência nos anos 80, culminando com a constituição de 88, o eca em 91. Temos também na década de 90 o rigor dos anos neoliberais, em que as políticas públicas tinham suas referencias na tentativa de enquadrar moralmente a juventude para manter a “ordem social”. Com a eleição do presidente Lula inaugura-se outro olhar sobre a juventude, com a criação da Secretaria e do Conselho Nacional da Juventude que unificam e articulam nacionalmente as políticas de juventude do Governo Federal. No Pará tivemos muitos anos de descaso com a juventude e esta sendo tratada como caso de policia. As conquistas que a juventude paraense possui, foram frutos de muita mobilização e participação política desta juventude, exemplo a meia passagem que beneficia os estudantes da região metropolina desde a década de 90. A juventude no Governo Popular de Ana Julia A Governadora recebe o governo com o desafio de fazer do Pará uma terra de Direitos e cria diversos programas, alguns com premiação nacional, como o Bolsa Trabalho, como dizemos os programas e projetos são inúmeros vamos a eles: Protejo (parceria com o Governo federal) na SEJUDH; Bolsa Trabalho na SETER; Projovem (parceria com o Governo federal) na casa civil; Procampo na Casa Civil; Pair na SEJUDH; Escola de Portas Abertas na SEDUC; Editais de Cultura na Secult; Bolsa Talento na SEEL; Esporte é 10 na SEEL; Ifocentros; Casa da Juventude; meia passagem intermunicipal entre outros; A governadora nomeia ainda o Conselho de Juventude do Estado e cria uma Coordenadoria de juventude ligada a Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos, mantém dialogo e apoio as juventudes organizadas em seus eventos e demandas. Podemos dizer que aos poucos, mas a milhas de gestões anteriores, as Políticas Publicas de Juventude no Pará vão se consolidando, também é verdade afirmar, em nossa opinião, que o Governo que hora se encerra possui alguns desafios a serem superados para que se busque consolidar políticas de Estado como é o desejo da Governadora. Desafios que apresentamos 1- Buscar unificar as políticas de juventude do Estado em um único Órgão, com empoderamento, autoridade e recursos financeiros (este não precisa ser exclusivamente o executor mais o articulador); 2-Consolidar espaços de participação e monitoramento das ppj´s com as juventudes organizadas e através do Conselho de Juventude do Estado; 3-Ampliar vagas e democratizar o acesso na Universidade do Estado do Pará para jovens negros, índios, camponeses e ribeirinhos com prioridade; 4-Ampliar e consolidar os programas e projetos existentes; 5-Dar atenção as área periféricas e de altos índices de violência com programas socias reforçando a cultura de paz; 6- Reforçar e ampliar as bases de policiamento comunitária, tendo prioridade a questão da inteligência policial e não o uso da força exclusivamente, para combater o trafico de drogas e a violência de vitimiza a juventude; 7-Criar um Plano Estadual de Políticas de Juventude; 8-Criar linhas de créditos para a juventude de baixa renda; 9-integrar jovens de medida sócio - educativa ou egressos do sistema penal nos programas socias existentes; 10-Criar políticas de primeiro emprego para a Juventude;
O conselho O COJUEPA em seu novo mandato (2010-2012) que deve ser coordenado pela sociedade civil terá um grande desafio, que é de falar para mais gente, chegar na juventude, se empoderar mais, cumprindo assim seu papel em ajudar a transformar o Estado do Pará em um território onde a juventude tenha seus direitos garantidos e onde projetos de mudanças e democráticos possam avançar.
Mailson Lima Pedagogo formado pela UEPA, pós-graduando em Historia e Cultura afro-brasileira pela UFPA, foi - diretor da UNE, Presidente Estadual e membro da direção nacional da UJS, Servidor da SEEL, Preside a gestão cessante do Conselho de Juventude do Estado do Pará.
Como sabemos a juventude será tema de debates neste ano eleitoral, pois representa uma parcela significativa da sociedade brasileira, estima-se que o número de jovens com 15 a 29 anos chegue a 52 milhões, representando um quarto da população brasileira.
No Estado do Pará não será diferente, pois a juventude é uma parcela importante da população e possuem demandas e soluções diferenciadas, o nosso objetivo é avaliar a realidade da juventude paraense e contribuir no debate em curso.
A educação pode ser avaliada e analisada sob vários aspectos, nesse sentido, buscamos nos dedicar na inserção da juventude no mercado de trabalho, neste caso se passa pela educação profissional.
Cabendo ao Estado o papel principal de garantir o máximo possível de oportunidades para a aquisição de habilidades e conhecimentos técnicos, que se passa pela educação profissionalizante bem como oportunizar os espaços para a utilização dessas técnicas adquiridas.
Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEIA) de 2005 ao avaliar as dificuldades na inserção da juventude no mercado de trabalho sobre a Juventude no Brasil, afirma que dar exclusividade a aquisição de conhecimento ou a oportunizar espaços poderia causar efeitos indesejáveis ”caso o acesso às oportunidades fosse restrito à aquisição de conhecimento, teríamos uma mão-de-obra capacitada, porém desocupada; na situação oposta, a mão-de-obra estaria ocupada, mas a economia apresentaria baixa produtividade.” A idéia seria a busca de um equilíbrio desses fatores.
No relatório final do Diagnóstico dos Direitos Humanos no Estado do Pará, desenvolvido em 2007, por um grupo de pesquisadores do ICEd/UFPA, tendo como coordenador o Prof. Dr. Ronaldo de Lima Araújo, em que avalia o ensino profissionalizante no Estado, levando em consideração o Censo Escolar 2007.
Assim relata Araújo,
atualmente, o Estado possui 11 escolas profissionalizantes, sendo cinco técnicas e seis escolas de Trabalho e Produção: seis Escolas de Trabalho de Produção: Abaetetuba, Itaituba, Tailândia, Monte Alegre, Paragominas e Salvaterra, que oferecem cursos básicos e técnicos nas seguintes áreas profissionais: Artes (Música e Dança), Agropecuária, Design, Indústria, Geomática, Informática, Meio Ambiente, Mineração, Turismo e Hospitalidade. Cinco Escolas Técnicas: Escola Técnica “Magalhães Barata” e “Francisco Nunes”, em Belém; Centro Integrado de Educação do Baixo Tocantins, em Cametá; Escola Agroindustrial “Juscelino Kubsticheck”, em Marituba; e Escola “Albertina Leitão”, em Santa Isabel do Pará (2007, p.).
Araújo (2007) ressalta para o número de 11 unidades de ensino que ofertam o ensino técnico no Estado do Pará, totalizando 490 unidades escolares de ensino, representando 2,24%, enquanto que o Estado do Paraná, por exemplo, corresponde a 20%.
Para Araújo (2007) no ano de 2006 foi ofertado 1.908 vagas nos cursos técnicos sendo que o quadro docente no Ensino Profissional Médio é de 71 professores, correspondendo a 1 professor para cada 28,5 alunos. Portanto, acima da média nacional que é de professor para cada 14,7% alunos – conforme dados do Censo Escolar de 2005.
No relatório do autor são apontando algumas proposições no sentido de colocar o ensino técnico como espaços de formação e valorização do trabalhador e de desenvolvimento econômico e social. Entre diversas proposições, se destaca o projeto de educação profissional integrada ao Ensino Médio.
Ainda, podemos citar alguns indicadores econômicos do Estado do Pará apresentado pelo Governo do Estado por meio da Secretaria de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia – SEDECT. A Evolução do Emprego Formal por Setor de Atividade no Estado do Pará (entre 2006 a janeiro de 2010) em que mostra o processo de crescimento das admissões no ramo de trabalho até 2008. O número de emprego chega a 254.970 admissões em 2009, certo recuo comparado aos anos anteriores, motivado pela crise econômica no Brasil e no Mundo.
Os Indicadores de Mercado de Trabalho Estado do Pará entre 2006 a 2008, produzidos pelo Censo Demográfico - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do Instituto Brasileiro de Geográfico e Estatístico (IBGE) aponta esta tendência em que a taxa de desemprego caiu em 2006 era de 7,17%, para 5,40% em 2008.
O governo Estado do Pará anunciou que até o final do ano de 2010, investirá cerca de 37 bilhões nas áreas de infra-estrutura, energia, indústrias, habitação e saneamento, como forma de impulsionar o desenvolvimento econômico e oportunizar o aumento no mercado de trabalho.
Os dados podem ser considerados positivos, mas levantam ainda alguns questionamentos como: que tipo de desenvolvimento está sendo trabalhado para o Estado do Pará? Quais são os setores que terão um reforço no investimento? Diante dos questionamentos faz-se importante perceber que o crescimento da geração de emprego está voltado para setores de serviço e comércio.
Com base nestas informações podemos dizer que o Estado do Pará possui um número muito baixo de vagas nas unidades de ensino profissionalizante não correspondendo assim com o desenvolvimento econômico em curso no Estado, pois não forma a quantidade necessária de mão de obra para o mercado de trabalho.
Portanto, cabe ao Governo do Estado do Pará o desafio de amenizar, diminuir as diferenças relacionadas ao crescimento econômico e a oferta do Ensino Profissionalizante, buscando aumentar o número de jovens paraense qualificados.
Ao mesmo tempo em que o Estado deva gerar mais posto de trabalhos para que a juventude possa ter maior inserção no mercado profissional. A junção de mais oportunidade de emprego e de educação profissional qualificada contribuirá para o avanço e o desenvolvimento econômico e sustentável.
A educação profissionalizante é um tema em crescente discussão e será a temática para outros debates. Enfim, acreditamos que é possível aprofundar nas mudanças do Estado, assim como garantir mais direitos para a juventude e para a população.
Ketno Lucas Santiago
Graduando em História e Secretario de Juventude do PC do B/PA.
Nestes últimos dias, vem sendo anunciada pela mídia uma pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - IPEA, em que o diretor presidente, o economista Marcio Porchmann, relata que, do total de pessoas desempregadas no país, 46,6% têm entre 15 e 24 anos, e o que revela a pesquisa intitulada “Juventude e Políticas Sociais no Brasil".
Esses números apontam uma situação dramática para a juventude. 51 milhões de jovens brasileiros entre 15 e 29 ano estão desempregados; 66% estão fora das salas de aula; apenas 13% estão em curso superior; e somente 48% dos que têm entre 17 e 18 anos, estão estudando no ensino médio.
A pesquisa também aponta as causas para a ausência da escola dessa parcela da sociedade, as principais são que: 46% não têm emprego; metade dos 54% que estão empregados trabalha sem carteira assinada, ou seja, do total de jovens apenas 27% têm vinculo, e, portanto, gozam de direitos trabalhistas e previdenciários. Essa constatação, no entanto, destaca algo que não é novidade: a necessidade de priorizar a educação.
O contraditório dessa situação ocasionada pela apresentação dos dados da pesquisa é que o momento econômico do país é relativamente bom. O Produto Interno Bruto (PIB) cresce na faixa de 4 a 5%. A inflação prevista é bem mais baixa do que os países chamados em desenvolvimento, como a China, a Rússia e a Índia, e o desemprego tem registrado certa diminuição.
O momento político também é muito bom no governo Lula. Pela primeira vez o estado estabelece um dialogo com a juventude, com a construção da Secretaria Nacional de Juventude, ligada a Secretaria-Geral da Presidência da Republica, nos dias 27 e 30 de abril de 2008, no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade, em Brasília, realizou-se a 1ª Conferência Nacional de Juventude. Nesta conferência foram discutidas algumas prioridades escolhidas na plenária final e mais 69 resoluções.
Entre diversos programas sob a coordenação da Secretaria Nacional de Juventude, está um dos maiores programa de inclusão social do governo Lula, que é o Projovem, programa voltado a jovens carentes que associa educação e formação profissional.
Outra iniciativa importante para combater o desemprego juvenil é a nova lei de estágio aprovada na Câmara dos Deputados, relatada pela Deputada Federal Manuela D`Ávila, PC do B/RS. Entre outras ações a Lei objetiva inserir a juventude no mercado de trabalho. Também prevê que a instituição concedente de estágio, deva oferecer seguro contra acidentes pessoais ao estagiário, obrigando, ainda, a concedente deve apresentar relatórios semestrais das atividades desenvolvidas pelos estagiários.
Com essa iniciativa além de órgãos públicos, as empresas privadas poderão contratar estagiários, profissionais liberais de nível superior registrados no respectivo conselho profissional, com jornada de trabalho de 20 horas semanais.
Por um outro lado o movimento social tem lutado para colocar na pauta do governo federal e nos governos estaduais e municipais, o tema “Políticas Publicas para Juventude”, entre vários pontos que contém o tema, têm destaque projetos que visam reduzir a evasão escolar e que aumentam o numero vagas nas universidades.
Diante disso a União Nacional dos Estudantes – UNE, entidade de maior representação estudantil, se posicionando sobre o tema.Atualmente a diretoria foi a público expressar a opinião da entidade "Devem-se criar mais postos de trabalhos voltados para a população jovem é uma das bandeiras que a UNE defende com outras entidades trabalhistas” disse a diretora de comunicação.
Já o movimento sindical, coordenado pela Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil – CTB, em conjunto com outras centrais, vem desenvolvendo a campanha pela redução da jornada de trabalho de 44 horas para 40 horas semanais, sem redução salarial, também se constitui como um importante instrumento de combate ao desemprego juvenil.
Com estas ações, tanto do poder publico quanto da sociedade civil, aliado a um bom desempenho econômico podemos ver uma luz no fim do túnel. Porém, este assunto já se constitui no grande desafio do governo Lula: Impor um ritmo de desenvolvimento econômico no país, garantindo que a geração de novos postos de trabalho seja destinada à juventude.
Ketno Lucas Santiago
Ex. Diretor da União Brasileira de Estudantes Secundarista – UBES
Ex. Diretor da União Nacional dos Estudantes - UNE
Em obra recente “13 contos diabólicos e um angelical”, Frei Betto, em um dos contos, narra a ida da alma de Viriato ao Inferno. Ao contrário do que marca nosso imaginário, ele se depara com uma sala com TV. Ele então liga o aparelho e tem acesso a todo um cardápio de programação. Segundo o Frei "A TV olhava-o ad eternum; ele sequer podia cerrar as pálpebras, ou se levantar da poltrona à qual estava grudado". Não nos resta dúvida, de todos os veículos de comunicação, a televisão é o mais poderoso, pois tratasse de um veículo monológico, com grande poder hipnótico. Ocorreu neste episódio um verdadeiro seqüestro da identidade, nos moldes do que acontece no mundo do consumismo, provocando um profundo vazio e solidão. Os valores difundidos na conjuntura atual, no contexto da globalização neoliberal, são visivelmente marcados pelo processo de desumanização das pessoas e coisificação das relações sociais. "A cultura neoliberal está descosturando a nossa subjetividade; com o liberalismo o mercado é que rege a vida; você é livre para escolher um produto, desde que tenha renda para exercer seu consumismo". O capitalismo em seu formato neoliberal mercantiliza tudo o que toca, as relações sociais tornam-se reféns do mercado: a relação pai e filho, o casamento, as relações de amizade, etc. Os laços de solidariedade se fragilizam, perante a cultura da violência e do individualismo sem medida. O ideário fundamentalista de que não há transformação possível e, tampouco, alternativa à sociedade do mercado, provoca desesperança, e a juventude volta seus interesses para o culto à saúde e para o próprio “crescimento” pessoal. Predomina a preocupação com o autocrescimento psíquico: superar o “medo do prazer” e a depressão, entrar em contato com seus sentimentos, mergulhar na sabedoria do oriente, etc. A lógica é viver o presente com toda paixão possível, sem nenhum senso de responsabilidade pela vida das pessoas ou qualquer sentimento de cuidado. Há a perda do senso histórico e a falta de projeções esperançosas para o futuro. Isto significa que o importante é viver para si, e não para os que virão a seguir. Perdemos o senso de pertencermos a uma sucessão de gerações que se originaram no passado e que se prolongarão ao futuro. Para nós, que vivemos numa “sociedade” sem futuro, nos restando viver voltados apenas “para o momento”, nada melhor do que fixarmos nossos olhos em nossos próprios desempenhos particulares, e fazermos de tudo para sermos melhores que todo mundo, seja na economia, na política, no trabalho, na estética, no esporte, etc. Tornamo-nos reflexos e reféns de nossa própria decadência e sofrimento, porque centralizamos nossos pensamentos e atitudes unicamente em nós mesmos, e estamos despreocupados em relação aos que nos cercam e cativam. Cantamos hinos à liberdade, enquanto fingimos ser livres! Passamos a considerar que o único bem que possuímos é a própria “sobrevivência individual” (individualismo), pois, como dizem: só se tem uma vida para se viver! A partir deste processo de “isolamento do eu”, como afirma o sociólogo Marcelo Sodré, o indivíduo torna-se extremamente narcisista, não no sentido daquele que ama a própria imagem no espelho, mas que age a partir do seu próprio vazio interior: a solidão. O espantoso desenvolvimento tecnológico e científico criou a sociedade do espetáculo, e boquiabertos e estupefatos contemplamos os dois lados do Fausto. O valor sagrado da presença é esmagado pela idolatria dos presentes, e emerge no palco das desesperanças o que David Riesman chamou de multidão solitária. O neoliberalismo transformou a produção da cultura em produção de mero entretenimento, que exacerba o nosso sentido, mas não infunde valores. O consumismo atávico e compulsivo de nossos dias, com a transformação do supérfluo em necessidade, que a publicidade impõe a todos nós, nos impõe a idolatria e o endeusamento das coisas. Como o Homem é o único animal que sabe que nasceu e tem consciência de sua finitude, a televisão utiliza o artifício de transformar a morte em violência e o sexo em pornografia. "Está feita a fórmula que vai prender o homem diante da TV". O capitalismo, segundo ele, também tem suas artimanhas. Na Inglaterra, foi criada a cerveja Che Guevara. "Transformaram um mito libertário em um produto de consumo". Os Shopping Centers são centros comerciais construídos com linhas arquitetônicas pós-modernas, um dos não-lugares das cidades, segundo Marc Auge. "Neles você só entra com roupa de domingo, as lojas são capelas com seus veneráveis objetos de consumo, oferecidos por sacedortisas aos consumidores". Quando vai a um Shopping e é perguntado se quer alguma coisa, Frei Betto costuma responder que está apenas fazendo um "passeio socrático". Segundo ele, Sócrates (470-399 a.C), costumava dizer, na sua época: "Estou apenas observando para ver quanta coisa existe que eu não preciso para ser feliz". Hoje, o produto que se porta é que imprime o valor à pessoa, e as etiquetas passaram ao lado externo da roupa. "Se eu chegar à casa de alguém de ônibus, eu vou ter um valor; se chegar de Mercedes ou BMW, o valor será outro". Vivemos numa sociedade cercada de um apelo consumista sem medida, indispensável a reprodução da sociedade capitalista, mas ainda havia um nicho que estava fora desse apelo: a infância. Mas a criança é uma consumidora poderosa pelo seu poder de persuasão. Para transformar a criança em consumista a publicidade promoveu a erotização precoce da criança. Atualmente, as crianças são biologicamente infantis e psicologicamente adultas; mas ao chegar o choque da adolescência, perante o fim da fantasia e a caída na realidade, o traficante vende a ilusão de que é possível continuar ‘viajando’ sem ter que encarar o real. Tratasse do que podemos chamar de pseudo-transcendencias, experiências que provocam a fuga da realidade e não nos potencializam para enfrentar e viver os desafios do cotidiano. No campo cultural, é importante frisar que associar a obra de arte ao autor, como faz a cultura do consumo, é mercantilismo. A obra de arte tem valor em si, independe de quem a criou. Nenhum de nós vê com os mesmos olhos a mesma realidade. Todo ponto de vista é a vista de um ponto; a arte é polissêmica, seu papel é nos fazer olhar. É com a arte que se constrói aquilo que a miséria destrói. Cultura é tudo aquilo que é criado pelo ser humano e independe de estudo. Ninguém é mais culto que o outro; há culturas distintas que se complementam. Mas a sociedade elitista e racionalista criou o mito de que culta é a pessoa que freqüentou a escola. Eu sou formado em História, minha mãe tem uma excelente cultura culinária; quem pode viver sem a cultura do outro? Portanto, existe todo um trabalho cultural em qualquer atividade humana. É preciso valorizarmos a cultura popular, em nichos que ainda não foram mercantilizados, porque ela traz uma releitura da sociedade em que vivemos. A cultura que emerge das periferias precisa ser percebido como poderoso e importante instrumento de libertação social dos povos! Michel Sodré Historiador