No último domingo, dia 9 de dezembro, faleceu o
ilustrador e quadrinhista Gutemberg Monteiro.
Pouco conhecido pelo atual público de quadrinhos no
Brasil, ele construiu uma vida profissional que durou mais de sete décadas e
foi um dos artistas brasileiros mais respeitados no exterior, nos últimos 40
anos.
Nascido no dia 4 de dezembro de 1916, Gutemberg
Monteiro começou sua carreira com a ajuda de Adolfo Aizen, de quem seu pai era
motorista, nos últimos tempos do Suplemento
Juvenil. Foi um aprendizado rápido, convivendo
com vários dos grandes artistas da época, como Antonio Euzébio Neto e Monteiro
Filho.
Na década de 1940, ele trabalhou para a Rio Gráfica Editora, de Roberto Marinho, onde pouco a pouco seu
trabalho foi evoluindo até que ele se tornasse o principal desenhista de uma
turma de craques do desenho, que contava com nomes como Benicio, Flavio Colin,
Walmir Amaral, Lutz, Edmundo Rodrigues, Primaggio Mantovi, Juarez Odilon e
outros.
Durante esse tempo, também colaborou com a Ebal, de Adolfo Aizen, fazendo a adaptação de A Moreninha para a Edição Maravilhosa, dentre outros trabalhos.
Trabalhou também para editoras menores, como a Outubro, de São Paulo, com histórias de terror, e a Garimar, do Rio de Janeiro, para a qual adaptou algumas
aventuras do seriado televisivo brasileiroO Falcão Negro.
Ainda na Rio Gráfica, além de ser o principal capista, desenhou algumas
histórias do Fantasma.
Em 1964, ele se mudou para os Estados Unidos, onde
fez carreira desenhando algumas vezes de forma anônima, algo muito comum na
época. Desenhou desde personagens de aventura, como Fantasma e Batman (para
jornais), até infantis, como Gasparzinho, Brasinha, Riquinho e a dupla Tom
& Jerry (de quem se tornou o artista oficial nas paginas dominicais,
adotando a assinatura de Goot).
Visitando o Brasil ocasionalmente, foi homenageado,
no último mês de junho, numa sessão solene da Associação Brasileira de Imprensa. Foi uma de suas últimas aparições em público,
quando pôde rever amigos da RGE.
Ele desenhou tanto que, mesmo estando fora do
Brasil havia mais de 40 anos, seus trabalhos estavam disponíveis em sebos
virtuais e sites de leilão.
Gutemberg Monteiro Farias Lemos tinha 96 anos.
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